16 Outubro 2018
Diante da imparcialidade da CNBB neste momento histórico, relembro o que ocorreu por ocasião do golpe de 1964, e que cito em minha tese doutoral (em parte publicada no livro publicado pela Vozes em 1988: A gênese das CEBs no Brasil, p. 193, nota 14):
A Comissão Central da CNBB (cerca de 20 bispos) reuniu-se no Rio de Janeiro entre 17 e 19 de maio e segundo o padre Beozzo, apresentou-se irremediavelmente rachada. Havia dois textos de declaração, um escrito pelo bispo de Diamantina, D. Sigaud, e outro por D. Helder Camara: o primeiro apoiando o golpe o louvando a Deus por ter salvo o país do comunismo; o segundo apontando os excessos do novo regime e reiterando o compromisso da Igreja. (...). Como não se chegasse a um acordo, os dois textos foram englobados dentro da declaração. Assim, toda a primeira parte (...) pertence a D. Sigaud, declarando-se abertamente a favor do novo regime; e a segunda, que consta de dois sub-itens - "acusações" e "reformas" - insiste "na urgência da restauração da ordem social, em bases cristãs e democráticas" pertence a Dom Helder". A nota é bem maior, e coloca em extenso as duas posições.
Como precisamos hoje de bispos corajosos e audazes como Dom Helder Camara para dizer uma palavra firme e profética diante do que está para ocorrer, infelizmente com a participação decisiva de cristãos.
Uma decepção para mim.
Aí vai o jpeg de hoje para quem está na batalha do zap e de outros ambientes digitais. Esta é uma arte feita pelo Rodrigo Nunes, designer de São Paulo, com frases ditas pelo Bolsonaro. Já usei e, apesar de que esta não costuma ser a linha que funciona melhor com indecisos, essas frases juntas produzem um impacto em alguns, sim. As citações são exatas e foram checadas. Generosamente, o Rodrigo já avisou que pode circular com crédito ou sem crédito, o que importa é que a mensagem circule. Nos comentários, coloco o link para a versão em PDF, para quem preferir imprimir.
Não custa lembrar: a diferença de votos importa. Se for para viver sob um governo Bolso, que ele chegue o menos autorizado possível.
Jacques Wagner parece ser o único grão-petista que se prepara para o fim do lulismo.
Hoje ele declarou que Ciro Gomes teria mais chances de derrotar Bolsonaro no segundo turno do que Haddad.
Mais do que o resultado que indica uma provável vitória de Bolsonaro (59 a 41%), a pesquisa BTG-Pactual realizada pela FSB divulgada hoje traz algumas informações que fazem pensar no papel do whatsapp na atual campanha presidencial.
* 47% diz usar o aplicativo como fonte de informação política (entre estes, 87% se mostram expostos a fake news).
* No total, 53% não recebeu informações pelo whatsapp; 41% recebeu informações e desconfiou de fake news; 5% recebeu informações e não desconfiou de fake news.
* A desconfiança diminui quanto maior a faixa etária, quanto menor a escolaridade, quanto menor a renda familiar.
* Os 53% que não receberam informações pelo aplicativo apresentam o seguinte perfil: menor renda, menor escolaridade e maior faixa etária. Nestes últimos é que deve se concentrar o esforço de campanha a meu ver tendo em vista a dificuldade que é romper a barreira do aplicativo em tão pouco tempo.
* Por fim, considerando como total os que desconfiaram de fake news (41% na amostra): 58% sofreram muita exposição; 23% algumas vezes; 18% poucas vezes.
* Os dados mostram que existem margem de ação para além das redes e aplicativos, lembrando sempre que atualmente as ações sempre devem ser pensadas entre redes e ruas.
No dia do professor, Haddad sugere Cortella para o ministério da educação, apresenta propostas para o ensino médio e salienta suas conquistas na área. Bolsonaro visitou o Bope no RJ, diz que terá um em Brasília e ao final gritou “caveira”. A metáfora livros x armas parece real.
Vai nessa vibe, não tem como dar errado. (Via Marcelo)
Não fico fazendo campanha aqui porque sei que aqui não há voto em disputa e não sou grande fã de redundâncias. Mas para quem está em campanha no zap, este é o jpeg que melhor tem funcionado comigo.
Ele é honesto, não trafica mentira (na página 46 de seu programa de governo, Bolsonaro defende educação à distância), é simples e vai direto ao ponto: a defesa da educação fundamental e média à distância ignora que, para milhões de crianças brasileiras, a escola não é apenas o espaço de aprendizado (e de sociabilidade), mas também de refeições.
De todos os jpegs para zap com que tenho trabalhado, este é o que tem tido melhores resultados. Bota pais e mães para pensar. Copiem e circulem à vontade.
Padres que seguem Francisco são admoestados e calados. Padres pró-fascismo são aplaudidos por crentes e idólatras. É o mundo do avesso. Igrejas desnorteadas e pastores adorando Mamon contra os pobres em favor dos opressores plenos de demagogia.
Sempre que você pensar que perdemos uma eleição para o fascismo graças ao uso massivo e bem feito da internet para desinformar tiozões do zap, lembrem-se que existem outros tiozões responsáveis por essa derrota: os tiozões da esquerda.
Sim, chato dizer, mas existe um troço chamado "gerontocracia", a "administração exercida por anciões". Ela tem sido lentamente derrubada na esquerda mundo afora, em especial nos coletivos e grupamentos com mais organicidade. Porém, por muitas décadas, apesar de inúmeras lideranças na história, de Lênin à Mao, de Gandhi à Mandela, falarem da relevância da confluência entre as gerações, cada uma trazendo o que cabia trazer, idade era o mesmo que patente e, tal qual em uma família conservadora, o jovem devia respeito e obediência aos mais velhos.
Eu mesmo já tive que ouvir que não deveria opinar porque tinha acabado de sair das minhas fraldas. O crime? Me importar em debater em um núcleo de anciões.
Vamos nos lembrar de duas coisinhas: Carlos Bolsonaro foi o vereador mais jovem já eleito pelo Rio, o que denotava uma tendência triste de nossa política, a única renovação geracional era entre famílias de políticos de direita. A outra coisa é que é muito mais fácil um jovem manter-se atualizado sobre novas tecnologias do que pessoas mais velhas.
Uma esquerda marcada pela gerontocracia, ou mesmo por um puro e simples conflito geracional (afinal, poucos tem a reação de ficar e debater com quem comete tal grosseria, a maioria simplesmente abandona o núcleo de anciões e planeja uma esquerda completamente jovem e independente dos mais velhos), perde a possibilidade de se atualizar para as novas tecnologias com os jovens e a valer-se do conhecimento histórico acumulado dos mais velhos para dar lastro estratégico.
Aqueles "moleques" e "meninas" que vocês menosprezavam e até oprimiam tinham potencial para evitar essa tragédia. Mas era mais importante a vocês a vaidade de não ter que ouvir a discordância de alguém sem cabelos brancos. Afinal, quem não tem cabelos brancos apenas pode discordar por infantilidade, né? Diz aí, o orgulho compensou?